Chloë é capa da edição do mês de Agosto da revista Variety, na qual concedeu entrevista exclusiva, onde fala sobre política e o sexismo de Hollywood. Confira abaixo a matéria completa e traduzida:
Há um ano, a Convenção Nacional Democrata negociava com celebridades como Maryl Streep, Lena Dunhan e Elizabeth Banks. Mas nenhuma destas celebridades teve tanta proximidade com um candidato quanto Chloë Grace Moretz, que subiu ao palco 45 minutos antes de Hillary Clinton.
“Foi um dos momentos mais felizes da minha vida, com certeza” lembra Moretz, de 20 anos, numa tarde recente, sentada com sua cadelinha de dois meses, Ruby. (…)Moretz tem algo em comum com sua geração multitarefa: ela sabe o que é se esgotar como adolescente. Depois de estrear em dezenas de filmes desde que era apenas uma criança, Moretz percebeu, aos 18, que precisava de um intervalo de um ano. (…) “Foi uma das coisas mais importantes que já fiz na minha vida”, diz Moretz à Variety. “Isso me permitiu permanecer de pé e pensar: ‘eu tive uma carreira desde os 6 anos de idade, eu fiz mais de 52 filmes, e quem sou eu?'”
Muitos conhecem Moretz de filmes como “Kick Ass” e “Carrie”. Fora das telas, ela também conquistou muitos seguidores nas redes sociais, com 13.4 milhões de fãs no Instagram navegando pelo seu feed, que é mais caracterizado pelos retratos em preto e branco do que por selfies. Seu momento mais notório na internet foi ano passado quando se pronunciou sobre Kim Kardashian postando um ‘selfie-nude’. “É triste por ela ter agido assim, existe muito ódio entre as mulheres.”
Chloë sempre interpretou personagens femininas fortes. Sua estudante feminista em “Vizinhos 2”, além de papéis de apoio em “Laggies” e “Clouds of Sils Maria”, onde interpreta uma estrela de cinema. Mas agora, Chloë entra em seus 20 anos com um novo mantra: “Eu quero fazer coisas que levem alguma mensagem às pessoas, e que mostre um lado da vida que talvez as pessoas não conheçam“, explica.
O primeiro roteiro que leu depois de sua pausa foi “The Miseducation of Cameron Post”. Ela gravou este filme durante as eleições, o que a deixou atordoada. Ela foi dormir cedo na noite das eleições, pois precisava acordar em um certo horário no dia seguinte. Quando acordou, ela olhou seu celular e gritou “Ai meu Deus, eu vou trabalhar em um filme de terapia gay, que Pence apoia.”, ela lembra, referindo-se ao vice-presidente.
Dia 9 de novembro foi um dia sombrio no set. Moretz estava soluçando até a diretora Desiree Akhavan se dirigir ao elenco e à equipe. “Nós todos observamos esse filme minúsculo, e ela deu um discurso de como naquele momento, ele se tornou um dos filmes mais importantes sendo feitos. Foi doloroso, mas ser capaz de usar isto como saída tornou-se tão terapêutico.”
Um pouco depois da vitória de Trump, alguns dos amigos de Chloë pensaram em fugir dos Estados Unidos, mas foi quando ela percebeu que sua voz era uma ferramenta muito poderosa. “Eu disse: ‘Não! Isso não é o que você faz como americano. Como americano, você luta por seu país, e protegemos nosso país, protegemos nossos direitos e protegemos aqueles que são fracos e não conseguem falar!”
Moretz, que tem 100% de certeza de que verá uma presidente feminina em sua vida (“Eu tenho 60 anos em frente!”), está preocupada com as ações da administração de Trump. Mas ela vê a presidência dele como um despertador. “Tem um problema enorme neste país, e nós temos que falar sobre ele.”
(…) Aos 6 anos ela atuou pela primeira vez no remake de “The Amityville Horror”. “Daí em diante, eram dois ou três filmes por ano, então era algo que simplesmente veio para mim.”
Chloë ainda fala um pouco sobre sua família: “Eles me ajudaram a me manter verdadeira sobre quem eu sou. Mesmo que eu namore alguém, eu digo: ‘minha família em primeiro, minha carreira em segundo, e você em terceiro. É como é, e eu sinto muito.'”
Assim como a maioria das jovens de Hollywood, Moretz também teve suas experiências de sexismo. Seus irmãos estiveram lá para ajudá-la nos piores momentos, inclusive quando foi envergonhada no set de um de seus filmes por um parceiro de cena. “Esse cara que era o meu interesse romântico dizia: ‘Eu nunca namoraria você na vida real’, e eu pensei: ‘O quê?’, e então ele disse: ‘É, você é muito grande para mim’ pelo meu peso. Foi um dos únicos atores que me fizeram chorar no set. (…) Isso só te faz perceber que existem muitas pessoas más por aí, e por alguma razão, ele se sentiu na necessidade de dizer isso para mim.”
Quando questionada se já recebeu menos que algum ator no mesmo filme, Moretz diz: “Mesmo que você for paga igualmente, são as pequenas coisas, especialmente se o papel masculino for maior que o seu. Não te escutam como algo importante, e você pega o banco de trás.” Ela ainda conta outra história de como não foi selecionada para um filme pela cor de seu cabelo: “Só porque já tem outra loira no filme você não pode me escolher? Isso é um jeito tão masculino de olhar as coisas.”
Após o término de seu namoro com Brooklyn Beckham, Chloë foi muito atacada em suas redes sociais. “Muitas fotos maldosas minhas foram feitas no Photoshop, e as pessoas fizeram ‘memes’ nojentos meus, e é importante para eles saberem que eu vi todas e não acho engraçado nem bonito. Não é legal, é bullying, e machuca, não vou negar isso.”
Felizmente, Moretz possui muitas amigas, inclusive Zoey Deutch, que diz: “Eu acho que tem uma suposição de que todas as atrizes são competitivas, e talvez algumas sejam, mas Chloë me apoia tanto em um ponto imaginável. Ela é uma irmandade.”
Depois de uma pausa de Hollywood, Chloë está de volta à atuação com uma vingança, com quatro projetos programados para sair no próximo ano. Ela ainda diz que tem planos para se lançar como diretora em um futuro não tão distante. “Há coisas que eu mudaria em minha vida, mas a única que não mudaria é o motivo de começar a atuar e o motivo pelo qual permaneci atuando.”